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PRODUÇÃO DE RADIOFÁRMACOS

Os radiofármacos são substâncias marcadas com elementos radioativos, denominados de radioisótopos ou radionuclídeos, e são largamente utilizados na medicina nuclear e na oncologia, com finalidade diagnóstica e/ou terapêutica. Em sua composição incluem ainda compostos inorgânicos e orgânicos os quais são marcados com radionuclídeos.

Conforme descrito pela Organização Mundial de Saúde (OMS), os radiofármacos podem ser classificados em quatro categorias:

  •  produtos radioativos prontos para uso;
  •  geradores de radionuclídeos;
  • componentes não radioativos (reagentes liofilizados) para preparação de compostos marcados com elementos radioativos;
  • precursores utilizados para marcação de outras substâncias antes da administração.

Os radiofármacos “prontos para uso” são medicamentos, contendo o radionuclídeo, já em sua forma adequada para uso humano. O radionuclídeo é parte integrante da aplicação medicinal da preparação, tornando-a apropriada para uma ou mais aplicações de diagnóstico ou terapias. Os radiofármacos “geradores de radionuclídeos” consistem em um sistema no qual um radionuclídeo “filho” (que possui tempo de meia-vida curto) é separado de um radionuclídeo “pai” pelo processo de eluição (separação, fracionamento de uma mistura de partículas), ou por outro meio, e, posteriormente, é utilizado na preparação de radiofármacos.

Os componentes não radioativos (kits), em geral correspondem a um frasco contendo os componentes não radioativos de uma preparação radiofarmacêutica, geralmente sob a forma esterilizada, que devem ser reconstituídos ou combinados com um radionuclídeo para a síntese do radiofármaco antes de serem administrados ao paciente.

Por serem administrados em humanos, estes devem ser estéreis, livres de pirogênios e submetidos aos outros ensaios de controles de qualidade requeridos a todos os medicamentos injetáveis, sendo produzidos segundo as normas preconizadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pela CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear).

Para a produção de Radiofármacos, como por exemplo o Fludesoxiglicose (18 F) que é uma molécula análoga à molécula da glicose e é utilizada para mapear o metabolismo da glicose no organismo, deve-se ter uma estrutura física e as instalações de fábricas de Radiofármacos cumprem os requisitos exigidos para a produção de injetáveis de pequeno volume, com área limpa e sistema de gradiente de pressão nas diferentes áreas classificadas. Devem possuir a certificação de Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos e o registro do seu medicamento junto a Anvisa.

A recente iniciativa da ANVISA em regulamentar o registro e produção de radiofármacos no país apresenta-se num momento bastante oportuno. A atividade de produção e comercialização de radioisótopos e radiofármacos foi, durante muitos anos, monopólio da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), exercido por seus Institutos de Pesquisa, particularmente o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) em São Paulo e o Instituto de Energia Nuclear (IEN) no Rio de Janeiro. Uma emenda Constitucional promulgada em 2006, entretanto, quebrou o monopólio de produção de radioisótopos e radiofármacos de meia-vida ultracurta (inferior a 2 horas) bem como o de comercialização de radioisótopos e radiofármacos. Neste novo cenário, além dos Institutos da CNEN, produtores tradicionais de radiofármacos, outras instituições públicas ou privadas passaram a produzir radiofármacos de meia-vida ultracurta, reforçando a necessidade de regulamentação desta atividade.

A aplicação de radiofármacos vem a crescendo ainda mais com a constante distribuição de centros produtores de radiofármacos de meia-vida ultracurta por todo o território nacional, estimulados pela quebra do monopólio e pela aplicação de radiofármacos emissores de pósitron como a Fluordeoxiglicose-18F no diagnóstico precoce do câncer, controle de recidivas e acompanhamento da eficácia do tratamento. Novos compostos para aplicação em PET e SPECT, bem como para aplicações terapêuticas estão atualmente em fase de desenvolvimento e deverão ser introduzidos num futuro próximo na rotina médica nuclear.

A definição e adoção de normas específicas para produção, registro e utilização de radiofármacos no país, são o reflexo da importância e do crescimento constante da aplicação dos radiofármacos e da Medicina Nuclear no cenário de saúde pública nacional, certamente contribuindo para melhoria da qualidade de vida da população brasileira.

As normas vigentes da ANVISA que devem ser seguidas em uma planta de produção de Radiofármacos são:

  • RDC 64/2009 estabelece os requisitos mínimos para o registro de radiofármacos no país visando garantir a qualidade, segurança e eficácia destes medicamentos.
  • RDC 17/2010 Dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação de Medicamento
  • RDC 63/2009 Dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação de Radiofármacos, que provavelmente será revogada com a futura publicação da revisão da RDC 17/2010.

Programa de Garantia da Qualidade aplicado à produção de radiofármacos

Alguns aspectos das BPF aplicados ao Programa de Garantia da Qualidade são de especial interesse e devem ser discutidos no contexto da produção de radiofármacos. Além dos riscos sanitários, em se tratando de Radiofármacos, precisa ser levado em consideração os riscos associados a exposição dos trabalhadores a radiação ionizante e os princípios de proteção radiológica de justificação, minimização e otimização (ALARA – As Low As Reasonably Achievable), que recomendam que todas as exposições à radiação ionizante sejam mantidas a níveis tão baixos quanto possíveis, considerando fatores econômicos e sociais.

Levando em consideração estes riscos, uma planta de fabricação de Radiofármacos deve ter áreas de produção e controle de qualidade providas da infraestrutura necessária; processos e procedimentos claramente definidos e pessoal devidamente treinado para sua execução.

De acordo com os requisitos das BPF relativos à produção de fármacos estéreis, os mesmos devem ser produzidos em áreas limpas e a entrada para estas áreas deve ser feita por meio de câmaras de passagem de pessoal e de equipamentos / materiais. As áreas limpas devem ser mantidas com padrão de limpeza e fornecimento de ar apropriado, advindo de filtros de eficiência comprovada. Isto protege o produto da contaminação microbiológica do ambiente. No caso das instalações radioativas, estes princípios devem ser incorporados e compatibilizados com os procedimentos de controle de entrada e saída de pessoal de áreas radioativas (controladas) e sistemas de monitoração de eventuais contaminações radioativas.

Validação e Qualificação na área de Radiofármacos

As validações e Qualificações para radiofármacos devem ser realizadas como em qualquer Indústria de produção de medicamentos estéreis, sempre levando em consideração as premissas de Proteção Radiológica.

Paralelamente ao constante crescimento da área de produção de Radiofármacos no Brasil e à todos os procedimentos para atendimento aos órgãos regulatórios (ANVISA e CNEN), a produção de radiofármacos deve permanecer economicamente viável.

Desta forma, as instalações de produção de radiofármacos devem não somente atender às normas regulatórias, mas também planejar o crescimento em tais circunstâncias, de modo a atender à crescente demanda de Radiofármacos no Brasil.

Ana Lucia Callegari Rensi

Possui graduação em Farmácia e Bioquímica pela Universidade de Marília – Unimar. Tem grande experiência na área de Produção de Radiofármacos e Diagnóstico por imagem em Medicina Nuclear. Possui também experiência em Farmácia Hospitalar e Laboratório de Análises Clínicas. Possui Especialização em Análises Clínicas pela Academia de Ciências e Tecnologia de São José do Rio Preto. Especialização em Biologia Molecular pela Faculdade de Medicina de Rio Preto(FAMERP).Experiência de oito anos na Togni Medicina Nuclear de São José do Rio Preto atuando como Farmacêutica Bioquímica. Experiência de cinco anos em Farmácia Hospitalar no Hospital Dr. Adolfo Bezerra de Menezes em São José do Rio Preto. Atuação de mais de cinco anos na área de produção de Radiofármacos como farmacêutica Responsável Técnica, Supervisora da Garantia de Qualidade e Controle de Qualidade da empresa IBF- Industria Brasileira de Farmoquímicos em São José do Rio Preto.

http://www.ibffarmoquimicos.com.br

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