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Mulheres na indústria life science.

Protagonismo e qualificação impulsionam carreiras

Por: Egle Leonardi

A presença feminina na indústria life science vem crescendo, mas os desafios ainda são muitos, especialmente nas áreas técnicas, como qualificação e validação. No entanto, mulheres que decidiram investir em capacitação e networking vêm conquistando cada vez mais espaço e liderança no setor. Iniciativas como a mentoria Mastermind têm sido fundamentais para acelerar esse processo, conectando as profissionais a um ecossistema de aprendizado e desenvolvimento estratégico.

Neste Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, destacamos histórias inspiradoras de profissionais que, por meio da qualificação contínua e do apoio mútuo, se tornaram protagonistas em suas carreiras. Elas compartilham os desafios superados, as oportunidades que surgiram e como a troca de experiências dentro da mentoria fez a diferença para impulsionar suas trajetórias na indústria life science.

Esse mercado é cada vez mais exigente e regulamentado, e a especialização tornou-se um diferencial competitivo. Para muitas dessas mulheres, participar de um grupo de mentoria significou não apenas adquirir conhecimento técnico, mas também ganhar confiança para assumir posições estratégicas.

“O programa Mastermind pode acelerar a trajetória de mulheres na área porque ele une profissionais, experts, com o mesmo propósito. Nesse grupo de Mastermind, com 30 pessoas, metade são mulheres, e elas impulsionam umas às outras. Não há uma competição e, sim, uma rede de apoio”, falou a empresária, engenheira química e criadora do Programa Mastermind, Daniela Silva.

Na sequência, algumas dessas mulheres mentoradas contam um pouco sobre os obstáculos, dificuldades e superações de suas atuações e da importância da presença feminina no segmento life science.

O maior desafio

Para Daniela, seu maior desafio foi se posicionar como mulher no mercado que tem a maioria de homem na liderança. “Eu criei o programa de mentoria em 2018, mas antes comecei a fazer mentorias com outros mentores que o mercado me apresentou, como mentores de marketing digital, mentores de posicionamento, então eles me ajudaram a me posicionar para me tornar uma referência, com a figura feminina no mercado tão masculino, que é a indústria life science”, destacou ela.

Pensa de forma parecida, a farmacêutica Industrial, especialista em controle de qualidade microbiológico, garantia da qualidade e assuntos regulatórios, Stelina Timani, diz: “o maior desafio que enfrentei na indústria foi a desigualdade de oportunidades. Nas empresas que trabalhei os cargos de gestão e chefia eram ocupados na maioria das vezes por homens. No meu caso, tive que provar muitas vezes minha competência e somente agora, em 2025, consegui assumir uma posição estratégica. A mentoria nos auxilia muito com o conhecimento técnico e a troca de experiências profissionais e pessoais, o que nos deixa pensativos com relação em que ponto podemos melhorar para alcançar nossos objetivos”.

Outras profissionais também enfrentaram barreiras semelhantes. A diretora Técnica e fundadora da MGerth Assessoria Regulatória, Maryanna Gerth Abreu Barros começou a carreira atuando em logística: “Na empresa, eles preferiam homens. Ilusão de empresas pequenas que pensam que só homem pode montar caixas. Depois que conheci a mentoria eu aprendi a me impor como profissional, e passei a ser uma das referências em logística e ir em busca da transição profissional sem medos. Antes eu esperava, agora eu faço”.

Da mesma maneira, a farmacêutica, auditora interna da Qualidade e palestrante, Gesane Abreu, acredita que “a presença feminina dentro da área de qualificação e validação é bem ampla, apesar de não vermos muitas mulheres ocupando posições de liderança nessas áreas, o que vejo é que precisamos participar mais e mostrar o nosso valor, apesar de acompanhar discretas inversões nessa situação recentemente.

Ela continua: “a nossa limitação está unicamente em nossas mentes e temos de buscar o nosso desenvolvimento pessoal e profissional, o que não diminui a minha imagem como mãe, esposa, namorada, empreendedora, consultora e especialista na área life science. Isso depende muito de quais são as metas”.

Com coragem, a farmacêutica e gerente de Controle de Qualidade Microbiológico na indústria, Túlia de Souza Botelho, se lembra de seu maior desafio: “eu aceitei a função de iniciar uma planta de indústria farmacêutica, de produtos não estéreis. E ali, então, eu comecei um laboratório de controle de qualidade microbiológico do zero. E a mentoria me ajudou, principalmente, nos assuntos em que eu não dominava, pois havia pessoas capacitadas que me auxiliavam nesses momentos. E, com isso, eu consegui crescer cada vez mais na empresa e entregar o melhor para ela”.

A coordenadora de Laboratório Industrial, Sarah Santos, também assumiu riscos e se lembra de que, em 2021, enfrentou uma auditoria federal, sem nenhuma experiência. “Graças à mentoria, eu assumi a coordenação da equipe e conseguimos desenvolver todo o processo de qualificação e validação dentro da empresa. Mentoria é o melhor caminho, pois ela direciona e desenvolve”.

Atuando em uma área predominantemente masculina, a engenheira de Alimentos e diretora técnica em consultoria para qualificação de gases para processos industriais e de uso humano, Margarete Miyuke Nagata, relembra:“meu desafio foi executar trabalhos direcionados ao ar comprimido e gases industriais sanitários, e lidar com departamentos onde a maioria do corpo técnico é formado por homens. Já a mentoria veio juntamente com o desligamento de uma vida profissional CLT, de quase 20 anos, e o início da abertura da MY Life Science & Food”. 

“Equilibrar a vida profissional e pessoal, especialmente conciliando as exigências técnicas da indústria life science com as responsabilidades familiares foi uma conquista. Muitas vezes, precisei provar minha competência em ambientes majoritariamente masculinos, enfrentando os desafios da liderança e da responsabilidade da tomada de decisões. A mentoria foi essencial para superar essas barreiras, pois me proporcionou direcionamento estratégico, networking e segurança para assumir novos desafios sem culpa ou receio”, comentou a farmacêutica Industrial e coordenadora das áreas de Validação e Controle de Qualidade Físico-Químico, Kelly F. A. Moreira.

Com desafios semelhantes, a farmacêutica Responsável Técnica, Manuela Menezes, afirma que o maior obstáculo é alinhar a vida profissional com a rotina de mãe e conseguir, mesmo assim, ter destaque e fazer as entregas suficientes para a indústria, para a vida profissional. “Mas a Mastermind foi o divisor de águas, porque, além de dividir as experiências, ela ajuda e colabora diariamente para o crescimento profissional e para superar as demandas profissionais, dividindo as dificuldades diárias”.

Por sua vez, a gerente de Garantia da Qualidade, Aline Chaves, diz que um dos maiores desafios é enfrentar a subestimação das capacidades técnicas. “Contar com o apoio de uma mentora experiente ajudou a reforçar minha confiança e a desenvolver uma postura mais assertiva, facilitando o reconhecimento do meu trabalho e abrindo novas oportunidades na carreira”.

Presença feminina no segmento life science

Segundo Daniela, a presença feminina está aumentando a cada dia nos cargos de liderança, principalmente na área de qualificação e validação. Então, ela vê as profissionais da área sendo coordenadoras, supervisoras, gerentes e diretoras.

Na mesma linha, Stelina acredita que, por serem muitas vezes atenciosas e detalhistas, as mulheres possuem uma característica fundamental para ter sucesso no planejamento no que diz respeito aos processos de qualificação e validação.

As mulheres têm galgado alguns patamares relacionados à indústria, porém, ainda há um predomínio masculino nos cargos de alta gestão, mas, conforme vão demonstrando que possuem conhecimento e capacidade técnica para estar nessas funções, elas ganham mais espaço, de acordo com Túlia.

“Acredito que, graças a esses programas de mentoria e incentivo de desenvolvimento, a presença feminina aumentou. Antigamente, não se falava em networking, especialmente em um universo dominado pela presença masculina. Networking é o caminho. Quando se juntam mulheres especialistas em diversas áreas, conseguimos desenvolver pontos estratégicos pessoais e profissionais”, ressalta Sarah.

Já Margarete atesta que, atualmente, as mulheres estão em todos os departamentos na indústria life science, com tomadas de decisões efetivas e de grande impacto na cadeia produtiva: “Há 25 anos, quando comecei minha carreira na área de Utilidades, a grande maioria das mulheres estava em departamentos ligados somente à garantia e controle da qualidade. Houve mudanças significativas, com a liderança nos dias de hoje, nas áreas de engenharia, projetos, manutenção e utilidades”.

Programas como o Mastermind aceleram o crescimento das mulheres ao oferecer direcionamento, conexão com profissionais experientes e troca de experiências, segundo Kelly. Além disso, também podem ajudar a desenvolver habilidades de liderança, negociação e gestão do tempo, fundamentais para quem precisa equilibrar múltiplas responsabilidades.

Aline concorda e diz que o programa oferece, não apenas desenvolvimento de habilidades técnicas e de liderança, mas também acesso a um grupo de mulheres profissionais experientes que compartilham aprendizados práticos. Esse suporte direcionado ajuda a acelerar o crescimento profissional, aumentar a visibilidade e abrir portas para oportunidades que poderiam levar mais tempo para serem conquistadas de forma independente.

Qual é o caminho

Para as mulheres que desejam crescer na área, Manuela dá o conselho: estude muito para que você tenha bagagem, para você ganhar destaque e para que você tenha persistência no caminho e que possa ter um grupo, assim como o Mastermind, para você dividir as experiências e crescer profissionalmente para alavancar a sua carreira. E se puder, venha para o Mastermind”.

Maryanna defende que o Mastermind é uma excelente oportunidade para quem quer crescer: “não aprendemos a ser profissionais melhores. Aprendemos a ser pessoas melhores!”.

Gesane pensa igual: “nenhum profissional pode diminuir ou menosprezar o seu conhecimento, mas a busca pelo seu crescimento deve ser constante e, para isso, a rede de apoio principal é termos um grupo ou estarmos envolvidos com pessoas que tenham nossa visão e objetivos”.

“Participem de grupos de networking que realmente façam a diferença, porque eu acredito muito que o networking é o idioma do poder. Então, as mulheres que querem crescer têm de estar conectadas com outras mulheres e participar de grupos de Mastermind que vão elevá-las. Águias voam com águias e morcegos dormem com morcegos, a escolha é nossa, seja pessoal ou profissional”, reitera Daniela.

O protagonismo feminino na indústria life science não é apenas uma tendência, mas uma revolução silenciosa, impulsionada por coragem, competência e pela força do coletivo. As mulheres que lideram esse movimento não apenas conquistam espaço; elas transformam a indústria e abrem caminho para uma nova geração de profissionais determinadas a ocupar seu lugar no topo.

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