qualificação de transporte

A necessidade do gerenciamento de temperatura da carga seca

Em média, a temperatura do planeta como um todo aumentou 0,8°C desde que começaram os registros oficiais, há 134 anos. Estudo realizado pela National Aeronautics and Space Administration (NASA) constatou, por exemplo, que 2014 foi o ano mais quente desde 1880. A tendência de aquecimento está em grande parte relacionada à intensificação das emissões de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera e de outros gases de efeito estufa liberados, preponderantemente, por atividades humanas. A maior parte desse aquecimento ocorreu nas últimas três décadas. Não por acaso, os dez anos mais quentes já registrados, com exceção de 1998, ocorreram desde 2000.
Não raro, em transportes tanto pelo modal aéreo quanto pelo rodoviário, encontram-se picos de temperatura de até 72°C, que ocorrem nas mais diversas situações. Um exemplo bastante rotineiro é a questão da carga exposta ao sol na pista do aeroporto aguardando o embarque. A ilustração a seguir ilustra os maiores riscos de exposição da carga durante o transporte pelo multimodal (rodoviário-aéreo). E como pode ser observado, o manuseio da carga é a etapa crítica que oferece alto risco de exposição às variações de temperatura.

Risco

Estas informações servem de alerta inclusive para a forma como a carga seca (produtos considerados de “temperatura ambiente” 15°C a 25°C e 15°C a 30°C) é transportada. Isso porque, na grande maioria das vezes, as cargas não são transportadas com materiais que necessitam de isolamento e proteção térmica. Ou seja, os produtos ficam totalmente vulneráveis as variações de temperatura que ocorrem abaixo de 15°C e acima de 30°C. Dessa forma, os produtos podem sofrer alterações em suas características físicas, químicas e funcionais, como perda de eficácia.

Por isso é tão importante que todos os elos da cadeia de distribuição deste tipo de produto estejam conscientes de que a adequação do transporte para a manutenção da temperatura requerida é fundamental  para a garantia da qualidade, principalmente dos fármacos. Já que no mundo logístico a temperatura de 15°C a 30°C nunca foi temperatura ambiente para garantir a qualidade do produto após enfrentar dias quentes, caminhões sem isolamento, rodovias em más condições, fiscalizações, cargas aguardando o embarque em pista de aeroportos e até mesmo a temperatura negativa dentro dos compartimentos de carga das aeronaves. Não olhar para esse cenário é assumir riscos que envolvem a saúde pública. Todo produto farmacêutico possui uma faixa de temperatura de conservação. Independentemente de qual seja, deve ser mantida durante toda a sua vida.

Nesse sentido, o Grupo Polar oferece diversas soluções para este tipo de transporte e ainda conta com uma equipe técnica especialista em desenvolvimento de soluções e qualificação, seja em embalagem térmicas ou equipamentos.

Liana Montemor: é farmacêutica, gerente do Valida Laboratório de Ensaios Térmico do Grupo Polar e vice-presidente da Associação Internacional de Engenharia Farmacêutica (ISPE) Brasil.

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